sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Portimão a cidade dos Patos Bravos

Há 35 anos quando a minha mãe chegou a Portimão, a indústria conserveira estava em decadência e o Turismo dava os seus primeiros passos. A Cidade era constituída por 3 blocos de ocupação. O Centro, no interior do estuário do rio Arade, estendia-se em direcção ao mar e ao interior por fábricas e bairros operários. A Praia da Rocha tinha palácios burgueses e alguns, ainda poucos edifícios da hotelaria. Entre estas duas áreas encontravam-se as Quintas, com as suas Alfarrobeiras, Amendoeiras, Oliveiras e Hortas. É nesta década e principalmente na seguinte que se inicia a construção maciça, pela qual a cidade é hoje conhecida.


O Turismo devido à sua ascensão, exigiu
a construção de edifícios para a hotelaria, de habitações e serviços para os trabalhadores.

Sobre a Arriba da Praia da Rocha construiram-se prédios de grandes dimensões, o mesmo erro que já se cometia há uns anos na costa mediterrânica de Espanha. As Quintas, começam a ceder ao mercado imobiliário e é dentro dos seus limites que umas após as outras, se tornam em bairros. Sem qualquer plano urbanístico, criam-se bolsas urbanas dispersas sobre uma matriz rural, a leitura da cidade torna-se caótica e a sua imagem degrada-se.

Quando era puto a cidade era assim, descaracterizada e ainda com alguns espaços rurais. Na minha ingenuidade infantil, pensava que os erros cometidos até então não se voltariam a repetir. Enganei-me, tudo piorou, sendo que nos últimos anos as coisas têm tomado dimensões completamente desastrosas. Hoje as Quintas já só existem residualmente, pois tudo foi ocupado e continua a sê-lo, nos bairros com prédios altos engalfinhados, com espaços verdes, pequenos e absurdos, por vezes encontra-se um pequeno espaço rural entalado na matriz urbana.

Tenho a certeza que se perdeu uma oportunidade de melhorar Portimão, o modo caótico como a cidade evolui criou algumas vantagens, o urbano encaixava-se numa matriz rural, com esta matriz conservada e ligada podia-se criar uma continuidade rural dentro do espaço urbano, melhorando assim a imagem e a sustentabilidade da cidade.

Os Patos Bravos e uma autarquia incompetente destruíram e continuam a destruir Portimão, uma cidade que antes albergava turistas por ser bela, hoje ,desculpem-me a ofensa, só quem não tem olhos é que continua a gostar.

_pedro











segunda-feira, fevereiro 12, 2007


os parques de viena - reflexo de uma sociedade com problemas mentais?

em Viena a quantidade de loucos furiosos parece maior do que em qualquer outro lugar. pelos cafés, pelas esquinas, há sempre um louco. gritam, insultam, rebolam pelo chão e correm nus pela rua... será esta psicose vienense o escape a uma sociedade castrante e controladora, aborrecida e desinteressante?
É interessante passear por Viena e olhar para os seus parques, principalmente aqueles dos últimos 30 anos, e há muitos, pois todas as praças, pracetas e jardins parecem ter levado uma volta recentemente. O que se vê é assustador. Para começar existe uma vedação em volta, grande e forte, e mesmo onde já existia uma cerca, esta foi aumentada. Quando se entra encontramos um campo de jogos: mais uma rede, um terreno para cães: mais uma rede, um ring de patinagem: mais uma rede, uma pista de skate: mais uma rede, e as redes cada uma pior que a outra. Portanto entramos no parque e passeamos entre cercas como quem vai ao jardim zoológico. Pequenas Vienas fechadas no interior de cada bairro. Controlados, controlados, controlados. Para que nada saia da ordem, para que nada saia do normal. E depois dá o que dá.

_manel