Praia da Silveira e praia dos Biscoitos-Açores-Terceira
«why do i feel that, even when i am writing the world silence, I am breaking it?» Patrícia Caldeira
A
praia da Silveira junto a Angra do heroísmo, caracteriza-se por ser uma baía natural de perspectivas deslumbrantes sobre o atlântico e o Monte Brasil, península situada mesmo à sua frente. Recentemente uma intervenção implicou a construção de um hotel com muitos quartos e a reabilitação de uma massiva plataforma de betão, que parece agora um deck de um navio em vias de «partir e de ficar». As formas destas estruturas que funcionam em conjunto são simples, sem traços de orgulho arquitectonico e respondem apenas a uma necessidade, turismo e condições balneares de qualidade acessíveis a todos, turistas e insulares respectivamente. À primeira vista poderia parecer que se beliscava, uma vez mais a paisagem ainda bastante imaculada das ilhas, mas esta intervenção criou condições para uma vivência de excelência deste espaço, em que o dia de Verão é abraçado como se fosse o primeiro e o último, numa sensação de felicidade quase infantil de conforto e deslumbramento. Um espaço em que a convivência de todos é saudavel porque o que importa é o usufruto de um lugar, que se assume ente o espaço existente e o espaço criado oferecendo condições excepcionais de veraneio. Assim se instala cultura, identificação e respeito. Não é necessário mais nem menos. A lição a retirar é que a tranformação a efectuar deve ser a necessária, que formalismos arquitectonicos não trazem muito mais em certos casos, e que a prova de sucesso reside na apropriação do espaço pelas pessoas, se é concretizada ou não.
A
praia dos biscoitos fica na Zona Norte da ilha, mais agreste, caracteriza-se por ser uma zona de piscinas naturais formadas entre acumulações de lava que se assemelham a biscoitos. O establecimento de qualidade balnear nesta zona foi conseguida através da cimentação tosca de certas zonas entre estas formações lávicas e as piscinas naturais bem como a colocação de passadiços de madeira e metal que atravessam essas mesmas piscinas. Estabeleceu-se assim um deambular plano e zonas de estadia. Simples e bem sucedido o sucesso da intervenção é visível nos dias de verão, para além da grande afluência é possivel sentir momentos cinematográficos em que a contemporaniedade se mescla com a tradição, parecendo recriar as convivências de antigos dias de estio.
Nos Ilhas como diz Vitorino Nemesio, o verbo «estar» é muito mais aplicável do que «viver», o «espaço é curto, e o tempo mais curto ainda» ,existe a sensação de que tudo tem que se fazer num dia, aproveitando-o da melhor forma possível. Apenas é preciso o necessário para estar bem, numa condição de respeito e simplicidade pela paisagem que por aqui no continente deviamos absorver.
Less is more
_Sebastião