domingo, setembro 30, 2007

Stairway to Heaven unvisited


"Objectivo
"Stairway to Heaven" dá oportunidade ao indivíduo de se colocar em palco. Enquanto actua sozinho na plataforma elevada, domina o território enquanto se coloca à vista dos outros. "Stairway to Heaven" joga com a ambiguidade do público e do privado: oferece um espaço público para um uso individual e utiliza a figura das escadas de habitação colectiva que são um espaço público na propriedade privada."






Não deixa de ser irónico (e digo irónico para ser simpático) que a porta, para este projecto que dá (?) oportunidade ao indivíduo de se colocar em palco, esteja fechada.






fonte das imagens e texto: revista arq./a n.os 47/48 - Julho|Agosto 2007


_diogo

quarta-feira, setembro 12, 2007

Necessidade, Simplicidade e Vida!




Praia da Silveira e praia dos Biscoitos-Açores-Terceira

«why do i feel that, even when i am writing the world silence, I am breaking it?» Patrícia Caldeira

A praia da Silveira junto a Angra do heroísmo, caracteriza-se por ser uma baía natural de perspectivas deslumbrantes sobre o atlântico e o Monte Brasil, península situada mesmo à sua frente. Recentemente uma intervenção implicou a construção de um hotel com muitos quartos e a reabilitação de uma massiva plataforma de betão, que parece agora um deck de um navio em vias de «partir e de ficar». As formas destas estruturas que funcionam em conjunto são simples, sem traços de orgulho arquitectonico e respondem apenas a uma necessidade, turismo e condições balneares de qualidade acessíveis a todos, turistas e insulares respectivamente. À primeira vista poderia parecer que se beliscava, uma vez mais a paisagem ainda bastante imaculada das ilhas, mas esta intervenção criou condições para uma vivência de excelência deste espaço, em que o dia de Verão é abraçado como se fosse o primeiro e o último, numa sensação de felicidade quase infantil de conforto e deslumbramento. Um espaço em que a convivência de todos é saudavel porque o que importa é o usufruto de um lugar, que se assume ente o espaço existente e o espaço criado oferecendo condições excepcionais de veraneio. Assim se instala cultura, identificação e respeito. Não é necessário mais nem menos. A lição a retirar é que a tranformação a efectuar deve ser a necessária, que formalismos arquitectonicos não trazem muito mais em certos casos, e que a prova de sucesso reside na apropriação do espaço pelas pessoas, se é concretizada ou não.
A praia dos biscoitos fica na Zona Norte da ilha, mais agreste, caracteriza-se por ser uma zona de piscinas naturais formadas entre acumulações de lava que se assemelham a biscoitos. O establecimento de qualidade balnear nesta zona foi conseguida através da cimentação tosca de certas zonas entre estas formações lávicas e as piscinas naturais bem como a colocação de passadiços de madeira e metal que atravessam essas mesmas piscinas. Estabeleceu-se assim um deambular plano e zonas de estadia. Simples e bem sucedido o sucesso da intervenção é visível nos dias de verão, para além da grande afluência é possivel sentir momentos cinematográficos em que a contemporaniedade se mescla com a tradição, parecendo recriar as convivências de antigos dias de estio.

Nos Ilhas como diz Vitorino Nemesio, o verbo «estar» é muito mais aplicável do que «viver», o «espaço é curto, e o tempo mais curto ainda» ,existe a sensação de que tudo tem que se fazer num dia, aproveitando-o da melhor forma possível. Apenas é preciso o necessário para estar bem, numa condição de respeito e simplicidade pela paisagem que por aqui no continente deviamos absorver.


Less is more



_Sebastião

segunda-feira, setembro 10, 2007

1 citação + 1 citação de 1 citação

do Jornal Barlavento desta semana, sobre o recente PUMP (Plano de Urbanização da Meia Praia), de notar as deliciosas justificações de autarcas e apoio do governo de sócrates:

E agora, Meia Praia? (carta aberta em forma de crónica)
Meia Praia
«…look to what they have done to my song…» (duma conhecida cançoneta norte-americana)
Em dois assaltos-relâmpago, tipo «blitzkrieg», consumou-se a tomada de posse da Meia Praia por quem nela manda. O armamento foi o Plano para a Meia Praia, dito PUMP.
A primeira investida, com material pesado, meteu luzida comitiva governamental, com a originalidade de serem exibidos 10 empreendedores, 10, provindos dos mais afamados centros de produção. Um por um, foram chamados (ia dizer, pelo inteligente…) para exibir a satisfação por tudo ir acontecer como eles tinham mandado.
Mas não se esqueceram de esclarecer que o Código do Trabalho terá que seguir o exemplo dos direitos e deveres do velho Estatuto do Trabalho.
Dos autarcas, um Presidente de Câmara, um, esse foi o que se esperava, blá, blá, o plano, blá, blá, o progresso, blá, blá, os postos de trabalho, blá, blá, cá estamos para o que for preciso.
E então veio a jóia da coroa, dita por quem sabe, pode e estava ali para isso. Está garantido, disse, apareçam os planos, leis, regulamentos, Diários da República, estratégias ou vontades locais ou regionais, que aparecerem, que ninguém se preocupe, o que se faz é aquilo que a gente quiser.
Era «A Bem da Nação». Agora, é «Interesse Nacional». Brilhante. Palmas e podem ir todos descansados, isto é nosso, ou melhor, vosso.
Pois, em nome da democracia.
A acção que se seguiu foi com o mesmo armamento, mas agora envolvida em capa oportunista de doçura, sem que se tivesse percebido o que é que aquilo tinha que ver com as calças. Mas oportunismo é oportunismo, e lá tem as suas regras.
O mesmo Presidente repetiu que o PUMP ia ser óptimo. Mas, outra vez, esqueceu-se de dizer para quem. E foi então e ali que quem explicou, bem explicadinho, o que ia acontecer na Meia Praia, e como, foi o patrão da Palmares, dona de vastos terrenos e pagadora do tal PUMP.
Quem paga é dono, lá diz a sacrossanta lei da propriedade. E o dono é que sabe, sem discussão.
Aqui há uns anos, um outro iluminado, que era Presidente de Câmara, disse que iria repetir, na Praia da Rocha, a Torremolinos da Andaluzia.
Este agora, que não é presidente, mas para o efeito faz de conta, veio dizer que a Quinta do Lago, em Almancil, é que era o paradigma. A Meia Praia vai ser o que ele quer, outra Quinta do Lago. Que bom. Tudo qualidade, que é o que mais abunda por lá.
Claro, é a qualidade produtora da exclusão social, a dos condomínios fechados e dos equivalentes “resorts”, tudo devidamente policiado pela matilha amestrada, de variados números de patas, que dela cuida.
E servidos pela corte de seres oriundos da classe dos vermes, a quem foi previamente retirada a coluna vertebral, estrategicamente colocados na sua posição preferida, aliás a única autorizada, de cócoras. Como sempre, atentos, veneradores e obrigados.
Outros, os cidadãos que tinham querido ver expandir-se Lagos, a Cidade, a Civitas humanista, fervilhante de vida, plural e polinucleada, sede por excelência da massa crítica pública, na busca do bem colectivo, esses retiraram-se para a velha e inexpugnável trincheira do pensamento livre.
Quereriam ter tido a Cidade rodeando a sua génese, o seu porto, e envolvendo a sua razão de ser, a sua baía. Quereriam a Cidade marginada, dum lado, pela sua Costa d’Oiro, do outro, pela sua Meia Praia. Bem no centro, o porto, gerador da identidade e factor da sustentabilidade, completado, equipado, respondendo a todas as inter-acções com a comunidade.
Tudo sem privilégios, nem exclusividades. Tudo, simplesmente, da Cidade, das suas gentes e seus visitantes, vivendo essas riquezas inimitáveis, mais valias que quereriam não negociáveis, a qualidade natural e o encanto próprio, estimadas heranças recebidas.
A propósito, lembro o homem que um dia disse «I have a dream…», e por isso levou um tiro. Por cá, mata-se com brandos costumes.
Pois, democracia.
E, na Meia Praia, a mulher de César, que espreitava lá atrás, em bicos de pés, para se mostrar, não quis saber e foi-se embora. Não encontrava lugar para mostrar a honestidade."
José Veloso(arquitecto)




e do DN de 9 de Setembro, do artigo de Ferreira Fernandes, uma citação que talvez venha a propósito



Somos um povo manso... É uma má desculpa. Junto a carta de um português, Pina Manique, ao seu superior, o Duque de Cadaval. Uma lição do falar claro:

"Exmo Sr. Duque de Cadaval, Se o meu nascimento, embora humilde, mas tão digno e honrado como o da mais alta nobreza, me coloca em circunstância de V. Excia. me tratar por tu,
- Caguei para mim que nada valho.
Se o alto cargo que exerço, de Corregedor da Justiça do reino em Santarém, permite a V. Excia., Corregedor-Mor da Justiça do Reino, tratar-me acintosamente por tu,
- Caguei para o cargo.
Mas, se nem uma nem outra coisa consentem semelhante linguagem, peço a V. Excia. que me informe com brevidade sobre estas particularidades, pois quero saber ao certo se devo ou não cagar para V. Excia.
Santarém, 22 de Outubro de 1815
Diogo Inácio de Pina Manique
Corregedor de Santarém"



se se falasse tão claro quanto Pina Manique talvez o PUMP não fosse aprovado.


_manel

quinta-feira, setembro 06, 2007

PORTO DE LISBOA

DIA 27 CONFERÊNCIA/DEBATE SOBRE O NOVO TERMINAL DE CRUZEIROS DE SANTA APOLÓNIA COM MIGUEL SOUSA TRAVARES, JOSÉ MIGUEL JÚDICE, O ARQUITECTO DO PROJECTO(A CONFIRMAR) E O PRESIDENTE DA APL(A CONFIRMAR).
ESTÁCONFIRMADO: dia 27, às 21h.
LOCAL: anfiteatro do ISPA-Inst.Sup.Psicologia Aplicada, sito entre Museu do Fado e Museu Militar.

_manel

baixo sabor - mais uma barragem

o que levará tantas pessoas a festejar a decisão da construção da barragem do Sabor?

ou será apenas um efeito televisivo, um escolher bem o ângulo da câmara?

que o presidente da câmara local fique contente e dê umas palmadinhas nas costas do sócrates percebe-se... mas a população porquê?
que ganha aquela gente com a barragem?
a tal cota de 5% de contribuição para a percentagem de energias renováveis não será concerteza o que os fará festejar.o que é então?

e lá se vai o melhor-peixe-do-rio-do-mundo, servido frito, com molho à espanhola, com pão, azeitonas e vinho do Douro raiano, servido por uma velha malcriada, na Foz do Sabor.


_manel