terça-feira, setembro 05, 2006

A Peste, Albert Camus

Orão, 194... Uma cidade portuária na costa Argelina, sem árvores, sem pombas e absurdamente construída em caracol. Ratos mortos junto às sarjetas, nos passeios e nas escadas dos prédios, a Peste há muito banida invade a cidade, fazendo com que as autoridades a fechem. Uma população enclausurada morre e luta contra uma força invisível. Várias personagens com passados e filosofias diferentes obrigadas a conviver, um retrato dos seus pensamentos, relações interpessoais e sobrevivência. Este texto tem por fim retratar um pouco da paisagem e ambiente de Orão, a imagem imutável, que representa a grande escala e por outro a imagem mutável, a pequena escala, esta influenciada pelas condições adversas da Peste.

"Esta cidade sem pitoresco, sem vegetação e sem alma acaba por parecer repousante e, enfim, adormece-se lá. Mas é justo acrescentar que ela se incrustou numa paisagem sem igual, no meio de um planalto nú, rodeada por colinas luminosas, frente a uma baía de recorte perfeito. Pode apenas lamentar-se que ela esteja construída de costas para essa baía, e que, por conseguinte, seja impossível ver o mar, que é sempre preciso procurar."














"Na cidade, construída em caracol sobre o seu planalto, quase fechada para o mar, reinava um torpor melancólico. No meio dos seus longos muros caiados, entre as ruas de montras empoeiradas, nos carros eléctricos de um amarelo sujo, as pessoas sentiam-se um pouco prisioneiras do céu"














"Nas ruas planas e nas casas com terraços, a animação decresceu, e, neste bairro onde toda a gente vivia sempre à soleira, todas as portas estavam fechadas e persianas corridas, sem que se soubesse se era da peste ou do calor que as pessoas julgavam assim proteger-se"


_pedro

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