Há 35 anos quando a minha mãe chegou a Portimão, a indústria conserveira estava em decadência e o Turismo dava os seus primeiros passos. A Cidade era constituída por 3 blocos de ocupação. O Centro, no interior do estuário do rio Arade, estendia-se em direcção ao mar e ao interior por fábricas e bairros operários. A Praia da Rocha tinha palácios burgueses e alguns, ainda poucos edifícios da hotelaria. Entre estas duas áreas encontravam-se as Quintas, com as suas Alfarrobeiras, Amendoeiras, Oliveiras e Hortas. É nesta década e principalmente na seguinte que se inicia a construção maciça, pela qual a cidade é hoje conhecida.
O Turismo devido à sua ascensão, exigiu a construção de edifícios para a hotelaria, de habitações e serviços para os trabalhadores.
Sobre a Arriba da Praia da Rocha construiram-se prédios de grandes dimensões, o mesmo erro que já se cometia há uns anos na costa mediterrânica de Espanha. As Quintas, começam a ceder ao mercado imobiliário e é dentro dos seus limites que umas após as outras, se tornam em bairros. Sem qualquer plano urbanístico, criam-se bolsas urbanas dispersas sobre uma matriz rural, a leitura da cidade torna-se caótica e a sua imagem degrada-se.
Quando era puto a cidade era assim, descaracterizada e ainda com alguns espaços rurais. Na minha ingenuidade infantil, pensava que os erros cometidos até então não se voltariam a repetir. Enganei-me, tudo piorou, sendo que nos últimos anos as coisas têm tomado dimensões completamente desastrosas. Hoje as Quintas já só existem residualmente, pois tudo foi ocupado e continua a sê-lo, nos bairros com prédios altos engalfinhados, com espaços verdes, pequenos e absurdos, por vezes encontra-se um pequeno espaço rural entalado na matriz urbana.
Tenho a certeza que se perdeu uma oportunidade de melhorar Portimão, o modo caótico como a cidade evolui criou algumas vantagens, o urbano encaixava-se numa matriz rural, com esta matriz conservada e ligada podia-se criar uma continuidade rural dentro do espaço urbano, melhorando assim a imagem e a sustentabilidade da cidade.
Os Patos Bravos e uma autarquia incompetente destruíram e continuam a destruir Portimão, uma cidade que antes albergava turistas por ser bela, hoje ,desculpem-me a ofensa, só quem não tem olhos é que continua a gostar.
_pedro
2 comentários:
eu por acaso que nao conhecia portimao e que outro dia passei la ate gostei... nao foi bem gostar, mas estava a espera do pior, de uma coisa nojenta, e o que vi pareceu/me uma cidade da america do sul, cheia de grandes predios, caotica, mas ao mesmo tempo agora deu/lhes para desatar a plantar arvores tipo jacarandas, e achei que aquilo ate tinha um certo ambiente, pelo menos nao era tipo vilamoura e merdas do genero com aquelas casinhas a tentar imitar um estilo nao sei se o que eles acham portugues...
mas sim claro que a cidade cresceu pessimamente!!
manel
Estive em Portimão na semana passada e fiquei surpreendida com a quantidade de caixotes que lá cresceram nos últimos anos. É impressionante como conseguiram piorar tanto em tão pouco tempo.
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