O tema hortas urbanas é falado há muito. Tem sido debatido e defendido, e o Gonçalo Ribeiro Telles constantemente fala da importância da agricultura urbana, da relevância que já vem tendo em muitas cidades e dos contínuos relatórios da FAO que suportam estas ideias.
Penso que em Lisboa há um dado que tem de ser acrescentado à discussão para que se clarifiquem as coisas: o número de hortas em Lisboa aumenta a um ritmo impressionante e não são vestígios de um passado rural.
As causas desta vaga de ocupação de terrenos para hortas serão várias, mas os emigrantes recentes que procuram um complemento a péssimos ordenados e os reformados que por um lado têm reformas miseráveis e por outro não têm ocupação, são os principais actores deste fenómeno recente.
É portanto inconcebível que a C.M.L. e as restantes câmaras da área metropolitana estejam completamente insensíveis para uma verdadeira accção de cidadania activa por parte destas pessoas, e que o papel de um planeamento que tenha dados como este em conta poderia pelo menos começar a atenuar as diferenças brutais entre centro e periferia. Poderia assim surgir uma periferia em que os espaços sobrantes (agora tão falados e discutidos, e aliás tema da Trienal de Arquitectura de Lisboa, actualmente a decorrer) ganhassem potencial e que fossem o tal factor de esbatimento de diferenças. E este potencial não aparecerá, por um lado, enquanto todos os terrenos da área metropolitana de Lisboa que não estão construídos forem espaços em espera para construção, espaços comandados pela especulação imobiliária, e por outro, enquanto a accção das autarquias e possíveis atribuições de usos a vazios urbanos(1) não forem feitos de acordo com a vontade dos habitantes desses territórios.
Esta sensibilidade para com as vontades locais tem inúmeras vantagens, principalmente a possibilidade de poder contar com a população para manutenção do espaço que foi por eles desejado. As hortas urbanas são um óptimo exemplo, a intervenção camarária que seria necessária seria fundamentalmente ao nível da cedência de terrenos, e gestão dessas cedências, e da criação de infraestruturas como sistemas de rega, etc. Não exigiriam nem metade dos custos de um parque urbano convencional.
Deixo como sugestão, para quem tenha algum interesse pelo assunto, ou que queira passar um dia no campo sem praticamente sair do centro de Lisboa, uma visita a Marvila e ao Vale de Chelas. Aqui fica um plano de como chegar aos melhores locais.
As causas desta vaga de ocupação de terrenos para hortas serão várias, mas os emigrantes recentes que procuram um complemento a péssimos ordenados e os reformados que por um lado têm reformas miseráveis e por outro não têm ocupação, são os principais actores deste fenómeno recente.
É portanto inconcebível que a C.M.L. e as restantes câmaras da área metropolitana estejam completamente insensíveis para uma verdadeira accção de cidadania activa por parte destas pessoas, e que o papel de um planeamento que tenha dados como este em conta poderia pelo menos começar a atenuar as diferenças brutais entre centro e periferia. Poderia assim surgir uma periferia em que os espaços sobrantes (agora tão falados e discutidos, e aliás tema da Trienal de Arquitectura de Lisboa, actualmente a decorrer) ganhassem potencial e que fossem o tal factor de esbatimento de diferenças. E este potencial não aparecerá, por um lado, enquanto todos os terrenos da área metropolitana de Lisboa que não estão construídos forem espaços em espera para construção, espaços comandados pela especulação imobiliária, e por outro, enquanto a accção das autarquias e possíveis atribuições de usos a vazios urbanos(1) não forem feitos de acordo com a vontade dos habitantes desses territórios.
Esta sensibilidade para com as vontades locais tem inúmeras vantagens, principalmente a possibilidade de poder contar com a população para manutenção do espaço que foi por eles desejado. As hortas urbanas são um óptimo exemplo, a intervenção camarária que seria necessária seria fundamentalmente ao nível da cedência de terrenos, e gestão dessas cedências, e da criação de infraestruturas como sistemas de rega, etc. Não exigiriam nem metade dos custos de um parque urbano convencional.
Deixo como sugestão, para quem tenha algum interesse pelo assunto, ou que queira passar um dia no campo sem praticamente sair do centro de Lisboa, uma visita a Marvila e ao Vale de Chelas. Aqui fica um plano de como chegar aos melhores locais.
este texto é feito com base nas ideias de um texto escrito no jornal Movemento, em conjunto com Pedro, as fotografias são da Felipa.
Diogo publiquei este texto com o mapa, marcado e tudo, antes de ler o teu último comentário! e depois vim corrigi-lo e acrescentar isto! Já sou geek...
(1) a definição vazio urbano é aliás muito interessante, segundo a mesma os vazios não fazem parte do urbano. O que é então urbano? A construção?
(1) a definição vazio urbano é aliás muito interessante, segundo a mesma os vazios não fazem parte do urbano. O que é então urbano? A construção?
_manel
2 comentários:
E onde viste essa definição de vazios urbanos, que não os inclui no urbano?
É uma questão sem duvida interessante. Mas acho que a afirmação tanto pode ser verdadeira como falsa, dependendo do que entende como urbano. É só o que é planeado, é o que as pessoas usam, é o que está dentro de uma urbe?
[Um pormenor maricas: não queres pôr o mapa a seguir a dizeres Aqui fica um plano de como chegar aos melhores locais?]
Olá,
procuro juntar mais informacoes sobre estas tais hortas urbanas em Lisboa, especialmente na zona de Marvila/Chelas, para o meu trabalho final de curso.
Se me puderem ajudar de alguma forma, com mais informacoes sobre o tema ou indicacoes de pessoas a contactar, ou outras fotos, seria ótimo, já que nao me encontro em Lisboa.
Muito obrigada.
E parabéns ao paisagir, é sem duvida um blog interessante.
ines isidoro
estudante de arquitectura em Berlim
ines.isi@gmail.com
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