Por esses livros e conferências de gente toda metafísica, que fala muito intelectualmente, “que Eu acho isto e o outro acha aquilo” ninguém fala da participação das pessoas, de vez em quando, até sim, mas só na teoria. Onde está essa participação? Em vez de teorizarem tanto sobre se o pilar devia ter mais um metro, para assim enaltecer a posição do homem quando caminha, ou se o parque devia ter um, dois, ou três hectares, com formas x.p.t.o., porque converge boas energias sociais, deviam mas é perguntar às pessoas o que elas querem construir e desenvolver teorias para implementar a participação colectiva. Esses dos livros e das conferências dizem “essa gentalha não tem consciência”, Claro que têm, A De Querer Viver Bem, e enquanto não lhes derem o poder de construir a casa, o bairro e as cidades menos terão, sem elas daqui a uns anos virão outros pós-qualquer-coisa-istas dizer, “errámos novamente”. Só com todas as pessoas é que teremos melhores cidades. Primeiro dêm-se as ferramentas , depois desenvolvam-se as ideias.
No mundo somos 6 mil milhões, 3 mil milhões vivem em cidades e mil milhões em bairros de lata. É neste Ponto que os ismos vão no caraças. Não é se os Olivais são mais habitáveis que Telheiras e se a Cité radieuse menos que os bairros da IBA(87) de Berlim, é 1/6 do mundo que vive em barracas. Cidades que crescem desenfreadamente em África, devido à guerra, e impossibilidade de vender produtos do mundo rural quando os seus mercados são infectados com produtos a preços mais baixos dos E.U.A. e Europa, levando massas de população para as Babeis (71% da população urbana na África-subsariana vive em favelas, Luanda que tinha 600 mil habitantes no fim dos anos 70 agora tem 4,5 milhões).
É a industrialização mega-Capitalista na Índia e na China que leva a um êxodo rural megalómano. Na televisão e na escola dizem-nos para nos preocuparmos com a competição chinesa e indiana que nos vai tirar a guita toda. Das cidades sujas, irrespiráveis para cá termos o sapato da marca x e a t-shirt da marca y, já ninguém fala, muito menos explicar que as empresas que andam por lá são as nossas fofinhas (50% da pop. Urbana na Ásia-meriodonal “enlatada”, 35% da pop. urbana da Ásia-oriental “embarracada”, Bombaim 18 milhões de corpos andantes, Xangai outros mais). E agora o clássico da América do Sul, que nos entra pelos olhos adentro, mesmo que muito disfarçadamente, nas telenovelas da Globo, aqui o êxodo é mais antigo, praí anos 60/70, com a tanga da revolução verde que ia acabar com a fome e melhorar as condições dos agricultores, os latifundiários apoderam-se do resto da terra que não dominavam, e toma lá um pontapé no rabo e vai trabalhar para a fábrica da cidade (31% da pop. Urbana da América Latina e Caraíbas “enfavelada”, Cidade do México 20 milhões de pessoas de carne e osso, São Paulo 19 milhões).
Para as pessoas destes bairros a participação pública é inevitável, os técnicos serão apenas os colaboradores. Assim e só assim teremos melhores cidades.
Em vez de toda a gente estar a teorizar sobre Coisinhas, não é que seja mau, claro que também é muito importante, mas acho que talvez devesse-mos começar a pensar um pouco mais sobre Coisonas. Com isto tudo, parece-me que discutir apenas os erros do modernismo e as “magias” do pós-modernismo pode-se tornar demasiado estúpido.
_pedro
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