terça-feira, maio 23, 2006


No dia 29 de Maio, a partir das 15h, Gonçalo Ribeiro Telles explica-nos as novas intervenções do Parque Gulbenkian.
O início tem encontro marcado para o anfiteatro.

segunda-feira, maio 15, 2006

Ainda Evoramonte...

Volto a afirmar o quão disparatada me parece a intervenção na Torre de Évoramonte. Foram já colocados caminhos e escadas, daquele horrível granito polido e esbranquiçado. Uma série de bancos e cubos (para colocação de eventuais estátuas!?) também do mesmo material. Os trabalhos foram interrompidos não sei se por ser Verão, e um magnífico "mato" invadiu todo o espaço.
Os percursos quase foram engolidos, os bancos lembram passagens elevadas, de efeito magnífico. Porque não deixar assim? Para quê completar a obra?


P.S.: Tomei conhecimento que a intervenção em Évoramonte recebeu um prémio Urbaverde. Não consigo perceber.


_manel

quarta-feira, maio 10, 2006

Residência de Estudantes R3





Vamos falar de arquitectura.

Tenho vontade de lhe chamar arquitectura bonita por fora mas amarga por dentro.
Os 5 edifícios dos quais fazem parte a residência de estudantes R3, do arquitecto Gonçalo Afonso Dias, em Coimbra, formam um conjunto que já de longe chama a nossa atenção. Será, a esta distância, pela cor que lhe cobre as paredes laterais, o laranja vivo. Quando nos aproximamos o conjunto continua a pedir um olhar atento e conseguimos assim abstrair-nos da pobre envolvente.
Os caixotes, paralelepédicos, de inspiração contemporânea, através dos tratados de arquitectura que as revistas agora ditam, são, sem dúvida, bonitos. Mas não mais que isso.
O interior é cinzento e desconfortável. Parece que toda aquela geometria converge para criar um ambiente de uma prisão, que só consegue ser menos castrador do de uma verdadeira porque temos portas e janelas em vez de grades. Os quartos têm o tamanho aproximado de uma cela e a disposição das próprias camas nos faz lembrar as que vemos nos filmes onde os criminosos acabam por ser apanhados.
É impossivel, para dois estudantes que partilhem um quarto, adormecer ou acordar a horas diferentes, tão exíguo que é o compartimento, tão impessoal, tão repressor. Não há espaço para guardar livros, pouco há para guardar roupa.
Aqui, a ideia de que a imagem exterior não revela a interior é levada ao extremo.
Lá dentro ficamos fechados em cubiculos onde a unica ligação ao exterior é através de uma janela que nos mostra uma oliveira e a parede laranja do edifício adjacente. É triste.
Aqui, o edifício destaca-se do objecto a que se destina e adquire autonomia, tornando-se fácil fotografá-lo. Conseguimos focá-lo exclusivamente, como se fosse possível o edifício de uma residência de estudantes viver sobre si mesmo, ser só arquitectura.
Conseguimos ficar siderados com a pele, mas o coração é podre e desinteressante.


_diogo

sexta-feira, maio 05, 2006

«Stefan Tischer, arquitecto paisagista, estudou em Versalhes e Munique. (…) Campos de interesses: Arquitectura da Paisagem, Design Urbano, Arte e Paisagem, Paisagem Urbana, História da Arquitectura Paisagista, Paisagem e Infra-estruturas, Paisagem Contemporânea e Teoria da Paisagem. (…) Autor de numerosas publicações e diversas exposições. Tem projectos em Itália, Canadá, Alemanha, França, Estados Unidos da América, Líbano, Grécia, Suiça e Finlândia.»
Era assim o anúncio em que a Paisagir sugeria a oportunidade de escutar o que Stefan diria, oportunidade essa que surgiu quase sem antecipação.

Dia 28 de Abril, às 18 horas (já perto das 19). Sentada na penúltima fila do anfiteatro do Pavilhão de Florestal, escutei, no meu inglês de prontuário turístico, o sotaque de Renné, comentando os projectos que Stefan escolheu, ilustrados com fotografias.
Não como nas cores esbatidas dos anos 80 em que me habituei a ver o café da série «Allo Allo», o cenário de Stefan ganhava uma geometria colorida quase fantástica, a cada mudança.

Mais do que palavras, gravei imagens. Gravei as fotos e figuras que se faziam surgir em prados ou entre ramos que aproveitavam assim a importância da sua forma; gravei as pseudo-florestas artificiais compostas por suportes de estruturas, criando a irregularidade de altos e finos troncos de Pinus, onde o mato teria sido roçado; gravei a ideia da reciclagem de materiais em formas que ganhavam o que escondiam.
Gravei o sorriso com que Stefan falava do que fez, do contributo para alguma paisagem urbana (e não só), vivida por tantos e diferentes indivíduos.

Estranhas e festivas visões que, na minha dúvida, se tornaram possíveis e desejáveis em espaços espalhados pelo planeta.


_feijão