quarta-feira, julho 11, 2007

conceitos de intervenção, metáforas formais, e o estar-se nas tintas para o que as pessoas e o espaço querem



aconteceu-me ontem ver vários projectos de ordenamento do território. prados e matas seguindo a forma de um moinho, mais prados e matas que desciam encostas como a lava de um vulcão de erupção calma, espirais de mata, mata em forma de espirais.
como é que a forma do território ( a uma grande escala) que é assim porque este foi trabalhado, porque ardeu e erodiu, porque alguém plantou árvores, porque o mato cresceu por si, porque se terraceou para vinha, porque as ovelhas o pisaram, porque as cabras o raparam até à última esteva, pode agora ser planeado com esta ligeireza: toda esta zona, estes 50000 hectares a partir de agora vão ter mata que vista do ar(!!!)terá a forma de uma vela de moinho porque esta zona tem muitos moinhos! a quem serve este planeamento senão ao ego do planeador. porque não dizer eu vou desenhar isto assim e assado porque acho que é o que está correcto, porque acho que fica bem, porque é o que as pessoas do sítio querem ou o que eu acho que elas querem, porque é prático, porque é bonito, porque se reduz a erosão............................ porqê seguir a forma de um objecto qualquer, porquê desenhar coisas num papel que só aasim o serão no local se vistas do ar, e será que ao decidir que aquele território será uma vela de moinho vista do ar não se vão fazer todas as adaptações e mais algumas para que isso aconteça, se vão deixar passar coisas que até seriam melhor assado para que naquele papel, aquele território tenha a forma de um moinho quando visto de cima?


uma coisa é um parque, ou o terreno de alguém, e aí que cada um escolha a forma que bem lhe apetece, outra coisa é num plano de ordenamento ditar a forma até à última consequência:" vocês que fazem hortas aí em baixo junto à ribeira façam favor de ordenar as vossas hortas em forma de beringela!"

e ouvi dizer que foi aprovado, e começará a haver planos de ordenamento do espaço rural à escala 1: 2000, em que algum iluminado nos ditará a forma do território ao pormenor da sebe e do murozinho de pedra solta, em que teremos de gramar com a forma do moinho ou da espiral voadora que o iluminado viu no programa da noite da rtp 2.


e para não falar de um ordenamento do território feito sem participação, sem real consciência do que é viável : " vocês que vivem nessa serra escalavrada vão fazer socalcos, para cuja construção vão ser precisas 500 pessoas a trabalhar das 5 da manhã às 9 da noite, e assim que esses socalcos forem abandonados porque a sua manutenção será butal toda essa terra vai pela encosta abaixo, mas isso a mim não me interessa porque os socalcos são giros"


chega desta corrente de oposição ao modernismo e que diz que forma pela forma porque a forma se adapta blá blá blá não quero levar com a vossa forma



_manel

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom!
Deixar mais espaço á diversidade e menos a imspirações filosofico tretas formais estiloclaudia chiferr ou primas feias! Se temos o azar de alguem se inspirar na vela do moinho estamos feitos! Alem disso ela so roda se ouver vento...