quinta-feira, novembro 08, 2007

Já Não Tenho Medo desses Patos Bravos*

Nos vidros da janela do meu quarto vêm-se as sombras dos patos bravos que sobrevoam a cidade, sinto um arrepio e escondo-me debaixo dos lençóis. Os seus olhos vêm frutos em qualquer território, as suas presas são fáceis porque existem patos bravos disfarçados de pessoas, preparam emboscadas para também ficarem com a carne, levam-nas sem que estas possam voltar. As suas asas deixam um rasto de destruição, os seus dentes desfazem qualquer símbolo de beleza, eles comem tudo e não deixam nada. Sei que nos vão perseguir, porque sempre o fizeram.

De noite oiço as ordens furiosas que mandam destruir os vales e as montanhas, as pedras e as árvores, para assim construírem betão até aos céus. Lá fora tanta gente sem casa, tanta casa sem gente, eles formam bandos que especulam, que especulam sem parar, o papo inchado quase rebenta de tanto cheio estar.

Tenho medo e só há uma forma de os parar, Juntar-me aqueles que também os receiam, ir lá fora encher o peito e gritar! Gritar até os afugentar!

*Patos bravos são todos aqueles que lucram com a construção massiva e desordenada que se vêm por essas terras fora. Os Patos Bravos não são apenas aqueles que coordenam as operações do betão, são principalmente todos os que controlam e colaboram com a especulação imobiliária. Constroem sobre bons solos e zonas ecologicamente frágeis, minando assim o nosso futuro. Destroem bairros, deixando pessoas sem sítio para dormir, constroem urbanizações sociais isoladas, descaracterizadas e já de base a cair, impossibilitando o direito a uma vida digna. A todos os patos bravos um grito para os afugentar.

Este texto foi escrito para integrar o Jornal Movementos - Pensar e Viver a Cidade. Do Movimento do I.S.A. ]move[ movimento aberto por outra vida na escola

_pedro

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