Em Bissau há um jardim de uma florista.
Anda-se pela cidade esburacada com covas de meio metro de fundura. Outras onde se cai e já não se volta.
Ou apanha-se um táxi azul-turquesa com ferrugem e forrado a felpa com padrão de leopardo, por causa do frio…
Passa-se a praça do império, com o seu palácio colonial-anos40-semi-colonial-semi-modernista-feio. Bombardeado e queimado.
E vê-se uma montra, de uma florista.
Bate-se no vidro.
Está fechado. A senhora não está.
Mas há flores no jardim.
Entra-se no jardim acabado de regar. A cheirar a terra.
Cortam-se três flores vermelhas com caules que pesam meio quilo e que estavam debaixo da pequena mata de bambus.
Volta-se pelo caminho estreito de terra batida com vasos e com uma cana oca de correr a água.
Estão longe os "projectos de espaços exteriores”, “parques urbanos”, “espaço público” feitos à pressão, com meia-dúzia de espécies do reino vegetal enfiadas em cima de um pavimento.
Ou as "estruturas verdes e ecológicas"...
Vale a pena fazer jardins.
_manel