quarta-feira, maio 27, 2009

Bissau


A cidade colonial: meia dúzia de ruas direitas. malha ortogonal.
um estádio no meio, talvez para as cerimónias de empossamentos dos governadores a que deviam assistir funcionário da repartição de finanças com as camisas brancas - suadas.
Um bom plano de plantação - Azadirachta indica - para correr com os mosquitos e o paludismo.
Uma ou duas ruas com lojas ou casas comerciais.
Uma grande avenida a ligar a praça do império e o porto.
Restos de uma fortaleza com mangueiras colossais em frente.
E meia dúzia de bairros de lama e telhado de palha, e às vezes zinco, em redor.

Trinta anos.


Metade da população do pais mudou-se para aqui.
A cidade colonial ficou como resto, com os seus cafés de brancos e traficantes de droga, com bebidas ao preço de dois ordenados minimos - ponto interessante de observação mas bastante deprimente.
Os bairros cresceram, como as aldeias crescem no campo. Cada aldeia que havia à volta da cidade-colonial cresceu e deu um bairro. De lama e zinco ou palha, ainda.
A estrada que ligava o centro ao aeroporto tornou-se uma avenida colossal, com as suas barracas de venda de esparguete refritado em óleo
- com maionese.
No meio ficaram campos de arroz regados com água de esgotos.
Palmeiras, poilões, bissilons.
Uma guerra bombardeou a cidade toda.
Ao longe parece a selva.
No porto o mangal cresceu - trinta anos sem dragagens.


_manel

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